Bon Jovi No Brasil Depois De 15 Anos
A velha rivalidade entre Brasil e Argentina esteve presente na noite desta quarta-feira (6) no Estádio do Morumbi. Mas não se tratava do maior clássico do futebol, e sim de um show do Bon Jovi, o primeiro após
uma apresentação histórica em Buenos Aires, de três horas de duração.
Ao chegarem à capital paulista, os músicos da banda de New Jersey foram perguntados diversas vezes se iriam superar a maratona que foi o concerto argentino. Para evitar um conflito diplomático, Jon Bon Jovi, Richie Sambora e companhia tocaram para os paulistanos durante o mesmo tempo de duração – e quase repetindo o set list das 28 músicas que os portenhos puderam conferir.
O grupo subiu ao palco às 21h15 e, nos primeiros acordes de “Blood on blood”, mostrou qual seria a toada da noite: uma banda correta, competente, que segue um script e se mantém nele até o final. Tudo é ensaiado e previsível no Bon Jovi, principalmente os trejeitos (bregas) do carismático vocalista – todos os gestos que o showman faz para o público, do beicinho ao olhar de admiração, são focados e exibidos a exaustão nos três telões que preenchem o palco.
A primeira hora da apresentação foi morna justamente pela escolha dos singles mais recentes, que não têm o mesmo apelo de “rock de estádio” dos hinos que foram escritos há mais de 15 anos. Foi a partir de “It’s my life” que o show ganhou fôlego e fez os fãs, que praticamente lotaram o Morumbi, não pararem um minuto.
É de se admirar um grupo de rock que consegue enfileirar canções como “Bad medicine”, “Lay your
hands on me”, “Always”, “Blaze of glory” e “I’ll be there for you” sem mostrar um sinal de cansaço. Jon, que foi se despindo aos poucos, até chegar a uma apertada regata vermelha, não parecia nada com o roqueiro que se dizia “idoso” há alguns meses, após sofrer uma lesão muscular na panturrilha durante um show em New Jersey..
Em outro momento bacana, o líder do Bon Jovi levantou um coro de “Parabéns a você” ao baterista Tico, aniversariante desta quinta-feira (7), após ver alguns cartazes espalhados na plateia vip que citavam a efeméride.
Lógico que todo esse carinho todo às vezes soa como puro jogo de cena. Após o término de “Living on a prayer”, a música mais animada da noite (e era a 27ª!), a banda simulou uma pequena reunião para a escolha da faixa derradeira – “Bed of roses”, que tradicionalmente fecha as maratonas que o Bon Jovi proporciona a cada apresentação.
Mas o público não parecia se importar. Tanto, que nem percebeu que o show teve, na verdade, 2h55.
'Fora Fresno'
Antes do início do show de Bon Jovi, fãs do grupo americano protestaram contra a banda Fresno, que fazia apresentação de abertura. Xingando e fazendo gestos obscenos, vários frequentadores do setor pista reclamaram do show do grupo gaúcho de emocore.
"Não tem nada a ver chamar uma banda como o Fresno para abrir o show do Bon Jovi", reclamou William de Trete, estudante de 18 anos. Perguntada se os membros do grupo se incomodariam com as vaias e palavrões, a namorada de William, Tatiane da Silva Teixeira, também estudante de 18 anos, brincou dizendo que "emos estão acostumados com um pouco de rejeição".
O caminhoneiro Ricardo Leone, de 32 anos, que esperava um show com clássicos dos anos 80 e 90 do grupo americano, afirmou que "para abrir o show do Bon Jovi tem que tocar rock".
Ao final da apresentação, às 20h20, Lucas Silveira, vocalista da banda, agradeceu ao público e saiu do palco sob os aplausos da pista vip, mais cordial. "São 11 anos da Fresno, muito obrigado pelo respeito, é o sonho de qualquer banda abrir para uma lenda do rock", disse o cantor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário